Literatura
Bienal MoAC Biss
Bienal MoAC Biss
01 de Maio de 2025
Sede da MoAC Biss
Zaida Pereira
31 de Maio de 2025
Porque As Crianças São as Flores da Nossa Luta, nesta primeira edição da Bienal, a Literatura Infantojuvenil ocupa um lugar de destaque. Essa escolha reflete o crescente interesse dos escritores guineenses pela escrita voltada às infâncias e juventudes. Um interesse que encontra eco entre pais, educadores e comunidades cada vez mais conscientes do papel transformador da literatura no desenvolvimento da linguagem, da imaginação e dos afetos das crianças.
Porque é importante celebrar a Memória e honrar o Legado, esta curadoria convoca, através da reedição de obras fundamentais, as figuras de Amílcar Cabral e Mário Pinto de Andrade — este último, intelectual angolano que deixou marca profunda no setor cultural guineense nos anos 1970. No momento em que se encerra o ciclo das celebrações dos 50 anos das independências dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa, reafirmamos a crença nas utopias que nos moveram, mantendo viva a chama da liberdade e da imaginação política.
Porque importa persistir, esta curadoria também lança luz sobre os desafios enfrentados pelo setor literário, especialmente em contextos onde as políticas públicas ainda são frágeis ou inexistentes. Mesmo diante da efervescência da produção literária atual, e do fortalecimento do crioulo como idioma de expressão artística e afirmação identitária, a publicação e distribuição de livros continuam sendo obstáculos significativos à consolidação desse movimento criativo.
A Bienal de Arte e Cultura propõe-se, assim, como um território de encontros. Um lugar onde os caminhos da Literatura se constroem com afetos, vínculos e escuta. Um espaço onde a palavra — em todas as suas formas — é chamada a imaginar futuros possíveis.
10 = 5 lançamentos de livro; 2 workshops; 1 atelier de ilustração; 1 masterclass; 1 Mumentu di Slam.
Entre a palavra escrita, dita e declamada, Miriane Peregrino desafia os jovens a explorar o seu potencial criativo e expressivo; Kátia Casimiro, Eliseu Banori, Ramiro Naka e Catarina Schwarz mergulham no desafiante imaginário infantil, reinventando aspetos da cultura, das tradições e dos costumes da Guiné-Bissau.
O escritor Ondjaki convida-nos a explorar novos modos de pensar o vínculo entre o texto e a imagem, num encontro que juntará jovens que pretendem explorar o mundo da escrita criativa na sua relação com a ilustração.
Raja Litwinoff, ativista cultural, partilha a sua experiência enquanto promotora de projetos de divulgação de literaturas africanas e de tradução para o português de textos de autorias africanas, nomeadamente de líderes pan-africanistas, de literatura infantil e oraturas.
Numa programação que junta gerações de escritores e de livros, marcam presença nomes conhecidos da literatura como Abdulai Sila, Ondjaki ou Nelson Medina, exímio poeta da língua Kriol, em harmonioso convívio com Ramiro Naka, músico mas também autor de livros para a infância; Katia Casimiro, cuja escrita assinala o regresso às suas origens bissau-guineenses; ou Eliseu Banori, que do outro lado do Atlântico encontra na escrita a forma de guardar a memória de histórias que ouviu contar.
Djumbais sobre temas estruturantes como a questão da escrita e da edição, da escrita na língua Kriol ou ainda da tradução de obras representam um eixo transversal da programação da Bienal, que é, acima de tudo, um espaço de partilha.
Linguista, Natural da Guiné-Bissau, é Doutorada em Linguística especialização em Lexicologia, Terminologia e Dicionarística. Os seus interesses orientam-se, essencialmente, para a problemática das línguas em contacto e, de modo particular, para questões de neologia e de lexicografia bilingue. É membro do CESAC – Centro de Estudo Sociais Amílcar Cabral.
É autor de quatro romances e oito peças de teatro, tendo algumas das suas obras publicadas em países como Brasil, França, Alemanha, Inglaterra e Itália. É co-fundador da primeira editora privada do país, a Ku Si Mon Editora (1994). Foi Presidente da Associação de Escritores da Guiné-Bissau e do Centro PEN da Guiné-Bissau, instituições de que é igualmente co-fundador. O seu envolvimento na promoção da literatura e da literacia quer como autor, editor ou simples ativista tem merecido um reconhecimento crescente. Em 2013 foi condecorado pelo Estado francês, que o nomeou “Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres”.
Formou-se em Psicologia Social e das Organizações no ISCTE, Portugal. Trabalha há mais de duas décadas nos domínios dos recursos humanos, formação e desenvolvimento comunitário. Colaborou com diversas instituições nacionais e internacionais, assumindo funções de coordenação e liderança. Atualmente, está envolvida em projetos de capacitação feminina, formação comportamental e programas de valorização do talento local. É coordenadora de programas na ONG Ação para o Desenvolvimento e colabora com a Adama Connect. Apaixonada por cultura e justiça social, Catarina acredita no poder da educação e do compromisso individual para transformar sociedades.
"Pseudônimo de Eliseu Banori, é natural de Bissau - Chão de Pepel Varela. O autor fez o percurso escolar primário e secundário na Guiné-Bissau, mas foi no Brasil, onde reside, que fez a formação superior. Banori é licenciado em Letras: Português-Literaturas, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; é mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e possui uma Pós-Graduação Lato Sensu – Especialização em Literaturas Africanas e Portuguesa, também pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. O autor vem construindo um percurso considerável no mundo da literatura: entre poesia, prosa e contos infantojuvenis, conta atualmente com dez livros publicados.
"É autora de várias obras infantojuvenis; os seus textos integram algumas antologias e coletâneas de autores de países do espaço lusófono. Em Portugal, tem participado em vários Encontros com Escritores, atividade organizada pelos agrupamentos de escolas, e também em festivais infantojuvenis: Letra Corrida, Travessia de Letras. Recebeu os prémios: Dama de Ferro – Literatura (2020, Guiné-Bissau); West African Leadership Summit (2023, Nigéria); Awards Charme e Prestígio (2023, Portugal); Nô Sta Djunto – Escritores (2023, Guiné-Bissau); Best of Guiné-Bissau Awards 2024 – Menção Prestígio – Escritores; Nô Sta Djunto – Escritores (2024, Guiné-Bissau).
"É doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, com doutorado sanduíche na Universidade Agostinho Neto, Angola. Atualmente, é pesquisadora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. Desde 2017, trabalha com as poéticas da contemporaneidade nos territórios da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. É idealizadora do projeto de incentivo à leitura ‘Literatura Comunica!’, contemplado com o Prêmio Todos Por Um Brasil de Leitores (2015) e o Prêmio Culturas Populares (2018), ambos do Ministério da Cultura, e cuja iniciativa ‘Diários de Emergência Covid19’ ficou entre os cinco finalistas do Prêmio Jabuti 2021 (Fomento à Leitura/Inovação).
Nasceu em Luanda em 1977. É doutorado em Estudos Africanos. Prosador, às vezes poeta, também escreve para cinema. É membro da União dos Escritores Angolanos. Recebeu os prémios Sagrada Esperança (Angola, 2004); Conto – A.P.E. (Portugal, 2007); FNLIJ (Brasil, 2010 e 2014); Jabuti Juvenil (Brasil, 2010); Prémio José Saramago (Portugal, 2013) e Prémio Littérature-Monde (França, 2016) com o livro Os Transparentes. Em 2023, na Universidade de Évora (Portugal), recebeu o Prémio Vergílio Ferreira pelo conjunto da sua obra. Está traduzido para diversas línguas. Ocasionalmente partilha oficinas de escrita criativa.
Formada em Letras e Ciências de Educação. Trabalha desde 1990 nas áreas de desenvolvimento comunitário participativo e género em Portugal, no Brasil e em vários países africanos, nomeadamente no Mali, Cabo Verde, Senegal, Moçambique e RDCongo. É sócia fundadora da associação de contadores Ouvir e Contar e promotora, em nome da associação, dos projetos: LITERATURAS AFRIKANAS – um projeto de divulgação de literaturas de autorias africana e afrodescendente; FALAS AFRIKANAS – um projeto de tradução para o português de textos de autorias africanas, nomeadamente de líderes panafricanistas, de literatura infantil e oraturas; AFROFANZINE – um projeto coletivo de construção e divulgação de fanzines manufaturados de textos de autorias africana e afrodescendente.
É um artista interventivo, atento à causa da cultura Bissau-guineense. Amplamente conhecido como compositor e intérprete, o seu apego ao Gumbé, ritmo hoje indissociável da sua carreira, constitui uma verdadeira homenagem a esse estilo musical. Naka é também um artista multifacetado: participou como ator principal no filme Pó de Sangi, do realizador Flora Gomes, tendo sido igualmente o autor da banda sonora; é autor e ilustrador de livros de contos para crianças.
"Com seis prêmios de literatura da Academia Brasileira de Letras (ABL) e finalista do Prêmio Jabuti, Tom Farias tem livros publicados no Brasil e Portugal. Em sua obra, destacam-se os romances A Bolha e Toda Fúria, e as afrobiografias de Cruz e Sousa, José do Patrocínio e Carolina Maria de Jesus. Ensaísta, dramaturgo e jornalista de profissão, escreve para o jornal Folha de S. Paulo. É membro da Academia Carioca de Letras. Formado em Comunicação Social e Letras, é especialista em literatura, com atuação no campo da comunicação e do processo da escravidão brasileira. Com passagens por Angola, Moçambique, Cabo Verde, Namíbia e África do Sul, é colaborador da revista Novas Letras, publicada pela Fundação Amílcar Cabral e Academia Cabo-verdiana de Letras.