Artes Performativas e da Imagem em Movimento
Bienal MoAC Biss
Bienal MoAC Biss
1 de Maio de 2025
Sede da MoAC Biss
Welket Bungué
31 de Maio de 2025
A Bienal da Guiné-Bissau destaca produções disruptivas nas artes performáticas e audiovisuais, incentivando a inovação dramatúrgica e cinematográfica no cenário local e global.
As artes cénicas na Guiné-Bissau têm-se desenvolvido timidamente nos últimos anos, mas existem no país coletivos e individualidades que se têm evidenciado na sua prática ao se reinventarem constantemente, em face às limitações estruturais e políticas que desafiam ainda a cena cultural na Guiné-Bissau. Daremos primazia às criações com relevância no contexto local, mas que simultaneamente denotam uma consciência global, a partir do território da Guiné-Bissau para o mundo. Acreditamos na inovação e na importância deste acontecimento cimeiro na Guiné–Bissau, e por isso iremos incentivar o consumo de produções artísticas mais disruptivas na sua composição dramatúrgica ou cinematográfica. Através do alinhamento de obras performáticas e audiovisuais de excelência, convidaremos o público a enveredar numa simbólica expedição intercontinental numa pluralidade de encontros com geografias, etnias, culturas, línguas, corpos, géneros e idades onde teremos personalidades da arte e da cultura radicados na Guiné-Bissau, para dialogarem com as gerações emergentes na Conferência-Masterclass “A Imagem do Outro e o Gesto Político no Cinema: Outros Poderes e Novos Existires”
Welket Bungué
A Conferência-Masterclass “A Imagem do Outro e o Gesto Político no Cinema” reunirá personalidades da arte para debater novos existires, promovendo o diálogo entre gerações na Guiné-Bissau. O evento convida o público a uma expedição cultural, explorando geografias e etnias diversas, com criações artísticas que desafiam e inovam a cena cultural da Guiné-Bissau.
(Guiné-Bissau) É artista multidisciplinar, de etnia Balanta. Reside em Berlim, mas trabalha artisticamente ao nível internacional. É co-fundador da produtora KUSSA, licenciado em Teatro no ramo de Atores (ESTC/Lisboa) e pós-graduado em Performance (UniRio/RJ). Em 2021, tornou-se membro da Academia Europeia de Cinema. Os seus filmes têm circulado internacionalmente por inúmeros festivais de cinema, tais como Berlinale, ABFF (EUA), Africlap (França), Zanzibar Intl. Film Fest., Afrikamera (Berlim), BFI London e Sheffield DocFest (UK), IndieLisboa, DocLisboa, Fest. Intl. de Cinema do Rio de Janeiro e o Stockholm Dansfilmfestival. Em 2020, Welket foi o protagonista de ‘Berlin Alexanderplatz’ (Berlinale 2020), realizado por Burhan Qurbani, em que a sua interpretação lhe valeu uma indicação ao Urso de Prata, uma nomeação como “Melhor Ator Principal” nos prémios LOLA da Academia Alemã de Cinema (Deutscher Filmpreis), e ainda o prémio “Cavalo de Alumínio” para “Melhor Ator” no Festival Internacional de Cinema de Estocolmo. O seu livro ‘Corpo Periférico’ está disponível na plataforma Amazon, compartilhando relatos da história da sua vida e trajeto artístico desde 2006, através de imagens e entrevistas, e conta como criou o seu próprio método de cinema de autorrepresentação. Welket está no elenco de ‘Reencarne’, o novo seriado da Globo e Globo Play, com estreia prevista para breve.
O coletivo foi criado por Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema. As três formaram-se na ESTC (Escola Superior de Teatro e Cinema) e seguiram um percurso na interpretação e criação para Teatro e Cinema, tanto a nível nacional quanto internacional. O projeto nasceu com o objetivo de criar um espaço onde pudessem contar as suas histórias por meio de suas próprias narrativas, ficções, vozes e corpos, celebrando a sua ancestralidade em todas as formas. Desde 2020, criaram os espetáculos Aurora Negra, Cosmos e A Missão da Missão. Além disso, assumem a curadoria do programa Kilombo, apresentado em parceria com o Alkantara.
Nasceu na cidade da Praia, onde vive atualmente. Mudou-se para Portugal aos 9 anos, onde desenvolveu suas aptidões artísticas, destacando-se desde cedo com prémios nacionais e internacionais. Ingressou na Escola Superior de Teatro e Cinema em 2010, mas interrompeu os estudos para regressar a Cabo Verde, onde tem construído uma carreira singular marcada pela inventividade e transdisciplinaridade. É criador do Festival Kontornu, da Rede de Dança da CPLP e da Mostra de Dança da Oraia. Foi bailarino do Cabo-Verde Ballet (2014–2016) e, desde 2015, apresenta seus próprios espetáculos em vários circuitos internacionais, além de lecionar e realizar workshops pelo mundo.
Cantora de profissão, está expandindo sua trajetória artística para o teatro. Nascida na Guiné-Bissau e criada em Cabo Verde, participou da peça Elas, uma viagem no feminino, de Vera Cruz, no Festival de Teatro Mindelact. Sua paixão pela arte a levou à formação em teatro e dança em Mindelo. Agora, enfrenta seu maior desafio: estrear sua primeira peça solo na Primeira Bienal da Guiné-Bissau, explorando identidade, liberdade e resistência no palco.
É uma artista e cineasta interessada nos aspectos ficcionais do documentário, explorando as fronteiras entre o cinema e sua recepção, bem como as políticas das imagens em movimento. Desde 2011, tem investigado o cinema militante dos Movimentos de Libertação Africanos na Guiné-Bissau como uma potencial forma de resistência contra as epistemologias coloniais atuais. O seu trabalho inclui filmes, arquivos digitais, instalações, seminários e colaborações com vários artistas, teóricos e ativistas. Com cineastas como Sana na N’Hada, Marinho de Pina e Suleimane Biai, foi cofundadora da Mediateca Onshore em Malafo. Participou em projetos de investigação como o Living Archive e o Visionary Archive, iniciados pelo Arsenal Institute for Film and Video Art. Tem apresentado o seu trabalho em instituições como o MoMA, Gasworks, Museu de Serralves, Gulbenkian, HKW, Harvard Art Museum, Savvy Contemporary, GfZK, Leipzig.
É cineasta, formado em Cinema no Instituto Cubano de Artes e Cinematografia, sob a orientação de Santiago Alvarez (Cuba, 1972). Prosseguiu a sua aprendizagem no Senegal, no Jornal de Atualidades Cinematográficas Senegalesas, sob a direção de Paulino Vieira (Paulino Soumarou-Vieyra). É co-realizador de dois filmes com Sérgio Pina e assistente de Chris Marker e de Anita Fernandez. Com a sua autoria, realizou vários filmes, entre os quais: O Regresso de Cabral, documentário (1976); A Reconstrução, documentário co-realizado com Sérgio Pina (1977); Anos no Oça Luta, documentário co-realizado com Sérgio Pina (1978); Mortu Nega, etnoficção (1987); Os Olhos Azuis de Yonta (1992); A Máscara, documentário (1994); Po di Sangui, etnoficção (1996); Nha Fala (2002); As Duas Faces da Guerra, documentário co-realizado com Diana Andringa (2007); República di Mininus (2013); O Vendedor de Histórias, ficção-documentário (2017).
Começou por estudar Biologia Marinha e iniciou a sua carreira como operador de câmara subaquático. Com formação multidisciplinar nas áreas de Vídeo, Cinema, Televisão e Fotografia, conta, entre os seus trabalhos, com as séries documentais "Portugueses Pelo Mundo" (RTP), "À Descoberta com..." (SIC/Odisseia), as multipremiadas curtas-metragens "Bissau Vila Morena" e "Cicatriz" e, mais recentemente, a longa-metragem sobre a música da Guiné-Bissau "Nteregu". Atualmente, atua como videógrafo, realizador e diretor de fotografia, tendo como principal foco o cinema documental. É sócio fundador da Associação Ser Mudança.
Iniciou sua carreira cinematográfica como roteirista do filme “Les enfants de Dieu” (As crianças de Deus). Sua primeira curta, “Le prix du mensonge”, recebeu o Tanit de Prata em Cartago em 1988. Em 1991, dirigiu a longa-metragem “Ken Bugul”, seguida, em 1992, pela longa-metragem “Ça twiste à Popenguine”, que conquistou reconhecimento internacional. Em 1996, dirigiu “Tableau Ferraille” (Melhor Imagem no FESPACO em 1997), a primeira parte de sua trilogia sobre mulheres, seguida por “Madame Brouette” (Urso de Prata, Berlinale em 2002) e “Xalé” (2022). Suas duas últimas longas-metragens, “Teranga Blues” e “Yoole”, foram selecionadas para a competição do FESPACO em 2007 e 2013.
É um coletivo artístico fundado há 24 anos pela ONG AMIC, com o objetivo de promover a inclusão sociocultural de crianças, jovens e mulheres do Bairro de Bandim, em Bissau. O grupo oferece formação em música, dança e teatro, utilizando a arte como ferramenta de cidadania e transformação social. Atualmente com cerca de 120 membros, recolhe e divulga expressões culturais de diversos grupos étnicos guineenses, apresentando-se dentro e fora do país. As receitas dos espetáculos financiam a educação de mais de 90 crianças, garantindo o acesso à escola e a materiais escolares, além de apoiar ações nas áreas da saúde e sensibilização social. O grupo colabora regularmente com artistas nacionais e internacionais, participando em videoclipes, álbuns e eventos culturais diversos.
Tem uma ligação às artes desde criança, como ator de teatro e músico, mas foi a arte da comunicação que lhe traçou o destino. Pós-graduado em Jornalismo, foi repórter (SIC; RTP), argumentista de inúmeros programas de TV e escritor de viagens. Viveu na Ilha do Príncipe, onde fundou um Centro de Criatividade; em São Tomé, onde dirigia o Ciclo de Cinema da Bienal de Arte Contemporânea; e nos Emirados Árabes Unidos. É consultor de comunicação e storytelling, curador do Boom Festival, autor de peças de teatro, guionista e realizador de cinema. É fundador da Ser Mudança, uma ONG que promove o desenvolvimento humano através das artes.
É uma realizadora, produtora, editora, mentora e dive master cabo-verdiana, conhecida pelos filmes Buska Santu (2016) e Hora di Bai (2017). O seu documentário mais recente, Sumara Maré (2023), foi selecionado para o NEWF Producers’ Lab 2022 — uma iniciativa da Africa Refocused (uma colaboração entre a NEWF e a National Geographic Society) e foi premiado internacionalmente, com destaque para uma menção honrosa no Festival International du Film PanAfricain de Cannes e prémios em festivais na Itália, Inglaterra e Brasil. Em 2024, tornou-se Dive Master através do programa Africa Refocused, desenvolvendo também o seu trabalho como cinematógrafa subaquática. Atualmente, está a desenvolver um documentário de longa-metragem, Plastic Atlantis, que já foi selecionado para financiamento de desenvolvimento pelo Steps da África do Sul e pelo Visions du Réel da Suíça.
É um cineasta cujo trabalho inclui documentários e filmes de ficção que refletem as lutas históricas e sociais de sua terra natal. Ele estudou cinema em Cuba a partir de 1967 e foi cofundador do Instituto Nacional de Cinema (INCA) ao retornar à Guiné-Bissau em 1972. Ao longo de uma carreira de mais de quatro décadas, Sana documentou a história do país, incluindo sua participação na luta de libertação nacional durante a guerra pela independência. Os seus filmes incluem documentários como O Regresso de Amílcar Cabral (1976) e obras de ficção como Xime (1994) e Nome (2023), ambos exibidos no Festival de Cinema de Cannes. Em 2024, N’hada recebeu o Prémio IMPACT 2024 do Prince Claus Fonds, na Holanda.
Produtor e cineasta guineense, formou-se em direção de cinema na Escola Internacional de Cinema e Televisão (EICTV) de San Antonio de los Baños (Cuba). Trabalha no Instituto Nacional de Cinema e Audiovisual (INCA) e possui cargo de régulo em Farim, no norte da Guiné-Bissau. Na década de 2010, trabalhou junto à artista visual portuguesa Filipa César, responsável pelo processo de digitalização do patrimônio fílmico do país, no projeto Luta ca caba inda (“A luta ainda não acabou”, em crioulo), e colaborou com a caravana de projeção dos filmes digitalizados pelo interior da Guiné. A vida profissional de Suleimane está marcada pela complexa relação entre um trabalhador do cinema em terras africanas e os legados sociais herdados do período de colonização europeia sobre a África.
É encenadora e atriz. No seu trabalho, que se desenvolve entre a África e a Europa, experimenta obsessivamente a construção de dramaturgias novas, enraizadas em poéticas de oralidades, onde o verbo é manifestação de imagens — imagens que encarnam, que não imitam nem reproduzem, mas que atuam. Zia Soares é diretora artística do Teatro GRIOT. Das suas mais recentes encenações, destacam-se O riso dos necrófagos, de sua autoria, coprodução Teatro GRIOT e Culturgest, distinguido como Melhor Espetáculo 2021/2022 no âmbito do Prêmio Internazionale Teresa Pamodoro (Milão, Itália); FANUN RUIN, de sua autoria, coprodução Fundação Calouste Gulbenkian e Sowing_arts; Pérola sem rapariga, encenação e direção de Zia Soares, texto de Djaimilia Pereira de Almeida, coprodução Sowing_arts, Teatro Nacional D. Maria e apap FEMINIST FUTURES.